quinta-feira, fevereiro 16, 2017

Novo dinossauro encontrado com conteúdo estomacal preservado

Miguel Moreno-Azanza, investigador da FCT – Universidade Nova de Lisboa e colaborador do Museu da Lourinhã, integra uma equipa multi-disciplinar de investigadores de Saragoça (Espanha) e Portugal, que descreve agora um novo dinossauro encontrado com conteúdo estomacal preservado

O estudo hoje publicado na revista Scientific Reports descreve o novo dinossauro ornitísquio, Isaberrysaura mollensis gen. et sp. nov., no Jurássico de Neuquén, na Argentina. A pesquisa multidisciplinar, liderada pelo Professor Leonardo Salgado, foi realizada por paleontólogos da Universidade de Río Negro-Conicet, Universidade da Prata, Museu Olsacher de Zapala e Museu de Huincul (Argentina) e da Universidade de Saragoça (Espanha), contando com a colaboração de Miguel Moreno-Azanza, pós-doutorado no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e membro no grupo de investigação GeoBioTec (FTC-UNL).

O espécime agora descrito traz importantes implicações para a evolução e paleobiologia deste grupo de dinossauros herbívoros, os ornitísquios. Em primeiro lugar, foi recuperado num ambiente marinho inesperado, apesar de ser um animal claramente terrestre, o que revela que a carcaça foi transportada da costa para ambientes marinhos profundos, onde foi encontrada juntamente com restos de répteis marinhos. Em segundo lugar, apresenta centenas de sementes mineralizadas, na área onde as entranhas estão localizadas, de pelo menos duas espécies diferentes de plantas, incluindo Cycadales. Isto evidencia que Cycas era um importante elemento da dieta destes dinossauros desde o início da evolução deste grupo e suporta estudos prévios de coevolução entre plantas e dinossauros herbívoros.
Finalmente, a posição filogenética de Isaberrysaura fornece evidências de que a linhagem que dá origem ao bem sucedido grupo de dinossauros herbívoros, os ornitópodes, ocupava já terrenos da Gonduana desde o Jurássico Inferior, redesenhando a evolução e dispersão deste grupo.

O nome atribuído, Isaberrysaura, é em homenagem a Isabel Valdibia, paleontóloga amadora argentina que encontrou os primeiros restos desses dinossauros e os doou ao Museu Olsacher de Zapala (Argentina), onde podem ser visitados a partir de hoje.


Isaberrysaura mollensis


Salgado, L., Canudo, J.I., Garrido, A.M., Moreno-Azanza, M., Martínez, L.C.A., Coria, R.M., Gasca J.M. 2017. A new primitive Neornithischian dinosaur from the Jurassic of Patagonia with gut contents. Scientific Reports,

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